domingo, 13 de maio de 2007

11º Ano

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Um comentário:

Ana Filipa disse...

Sentiu, então, que uma grande curiosidade fatal o invadia com o mesmo zelo e empenho, com a mesma pertinência e implacabilidade com que a professora de Português os alertara para a necessidade de se concentrarem no estudo da sublime epopeia camoniana. No entanto, a Vénus envolvia-o e impedia-lhe qualquer movimento. As suas formas modeladas e calculadas hipnotizavam-no, abalando as suas certezas e desfocando os seus objectivos para aquela tarde. Os braços finos e delicados da deusa abraçavam-no com firmeza, afastando-o para o infinito. O corpo perfeito entrelaçado elevava-o a uma condição divina, ao mesmo tempo que a fusão dos seus sentidos e sensações perpetuava a sua ligação eterna. Estava preso pelo mesmo encanto com que a deusa citeréia conquistara o deus da guerra e o pai de Eneias. Contudo, o seu toque marmóreo e frio, distante e sofredor, despertavam Pedro para a crueldade, até então imperceptível, do agudo toque do seu telemóvel, que se confundia com um grito suplicante e trémulo da Deusa. Ou seria de Catarina?