Sentiu, então, que uma grande curiosidade fatal o invadia com o mesmo zelo e empenho, com a mesma pertinência e implacabilidade com que a professora de Português os alertara para a necessidade de se concentrarem no estudo da sublime epopeia camoniana. No entanto, a Vénus envolvia-o e impedia-lhe qualquer movimento. As suas formas modeladas e calculadas hipnotizavam-no, abalando as suas certezas e desfocando os seus objectivos para aquela tarde. Os braços finos e delicados da deusa abraçavam-no com firmeza, afastando-o para o infinito. O corpo perfeito entrelaçado elevava-o a uma condição divina, ao mesmo tempo que a fusão dos seus sentidos e sensações perpetuava a sua ligação eterna. Estava preso pelo mesmo encanto com que a deusa citeréia conquistara o deus da guerra e o pai de Eneias. Contudo, o seu toque marmóreo e frio, distante e sofredor, despertavam Pedro para a crueldade, até então imperceptível, do agudo toque do seu telemóvel, que se confundia com um grito suplicante e trémulo da Deusa. Ou seria de Catarina?
«Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. [...] odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, [...] a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata [...]. Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida» (Fernando Pessoa). Por isso decidi criar este espaço para os meus alunos - para partilharmos o gosto pelas palavras, manipulando-as, para as sentindo-as . O projecto é um pouco ambicioso, mas mover-nos-emos lentamente. Assim, começaremos pela escrita de textos, cujos temas vão sendo propostos, depois... bem, depois, quando o gosto pela palavra se entranhar nas almas, nem imagino o que poderemos fazer. Então se verá!
ESCRITA COLABORATIVA PARA O 11º ANO
Texto para continuar
Sentado à sua secretária, Pedro tentava concentrar-se no estudo. Ía ter teste de Português e tinha que estudar Os Lusíadas. Porém, o que não lhe saía da cabeça era a imagem da deusa Vénus que vira no livro de Catarina. Sentira que aquela figura estava prestes a mudar a sua vida. Mas como, pensava ele, como podia a reprodução de uma pintura renascentista mudar a sua vida?
Nesse momento, o seu telemóvel tocou, mas Pedro não reconheceu o número.
(Continuado por Ana Filipa do 11º A):
Sentiu, então, que uma grande curiosidade fatal o invadia com o mesmo zelo e empenho, com a mesma pertinência e implacabilidade com que a professora de Português os alertara para a necessidade de se concentrarem no estudo da sublime epopeia camoniana. No entanto, a Vénus envolvia-o e impedia-lhe qualquer movimento. As suas formas modeladas e calculadas hipnotizavam-no, abalando as suas certezas e desfocando os seus objectivos para aquela tarde. Os braços finos e delicados da deusa abraçavam-no com firmeza, afastando-o para o infinito. O corpo perfeito entrelaçado elevava-o a uma condição divina, ao mesmo tempo que a fusão dos seus sentidos e sensações perpetuava a sua ligação eterna. Estava preso pelo mesmo encanto com que a deusa citeréia conquistara o deus da guerra e o pai de Eneias. Contudo, o seu toque marmóreo e frio, distante e sofredor, despertavam Pedro para a crueldade, até então imperceptível, do agudo toque do seu telemóvel, que se confundia com um grito suplicante e trémulo da Deusa. Ou seria de Catarina?
ESCRITA COLABORATIVA PARA O 9º ANO
Texto para continuar
Naquela manhã, Maria Teresa não pôde levar Rodrigo à escola. Haviam-lhe telefonado do escritório para que fosse para lá urgentemente. Assim, Maria Teresa, depois de muito recomendar a Rodrigo, seu filho, que não se atrasasse para as aulas e que tivesse cuidado, entrou no táxi que, por sorte, ía a passar no momento.
Rodrigo ainda ficou a ver a mãe a afastar-se no táxi, pensando que sorte ela tivera por nem ter tido necessidade de esperar. Foi então que reparou que a mãe esquecera a mala do computador portátil pousado na soleira da porta.
- Que chatice! - pensou. Vai fazer-lhe falta. O melhor é ir ao escritório levar-lho.
Nesse momento, um carro preto parou junto dele.
Rodrigo decide entrar, pois pensou que sua mãe lhe tivesse enviado alguém para que lhe levasse o computador portátil. À medida que Rodrigo ía entrando no carro a situação que o envolvia tornava-se duvidosa. O carro preto assemelhava-se a uma pequena limusina que pouco iluminada estava no seu interior. Quando Rodrigo fechou a porta e, antes que tivesse tempo para perguntar quem ia ao volante, foi de imediato encapuçado e adormecido. No momento em que Rodrigo acordou, foi confrontado com a presença de um homem vestido de preto, com um ar arrogante e medonho. Ele, alto e assustador, parecia querer intimidar a pequena criança, que estava um pouco confusa. As paredes do edifício onde havia sido colocado eram de cimento e a sua estrutura era comercial e gigantesca. Rodrigo apercebeu-se que o tinham levado para um armazém. No entanto, ocorriam-lhe apenas duas questões: Porquê eu? Que será feito do Computador?
5 de Maio de 2007 07:37 (continuado por Gastão do 9º D)
Mas depois pensou: -Será que a minha mãe já sabe do que se passou? Será que tambem terá sido sequestrada? Nem consigo pensar se isso tera acontecido.
A mãe dele supostamente estava no trabalho a pensar no seu filho e no teste que ele estaria a fazer. De repente, quando ia trabalhar no portátil, deu conta de que ele não estava e lembrou-se que o tinha deixado na soleira da porta e foi verificar. Quando lá chegou já não estava lá. Chateada, pensou na hipótese de o filho o ter levado e foi à escola dele, onde lhe deram a informação que o Rodrigo não se encontrava no edifício. E assim se começou à procura do Rodrigo!
19 de Maio de 2007 12:10 (continuado por Carlos Pereira do 9º D)
Um comentário:
Sentiu, então, que uma grande curiosidade fatal o invadia com o mesmo zelo e empenho, com a mesma pertinência e implacabilidade com que a professora de Português os alertara para a necessidade de se concentrarem no estudo da sublime epopeia camoniana. No entanto, a Vénus envolvia-o e impedia-lhe qualquer movimento. As suas formas modeladas e calculadas hipnotizavam-no, abalando as suas certezas e desfocando os seus objectivos para aquela tarde. Os braços finos e delicados da deusa abraçavam-no com firmeza, afastando-o para o infinito. O corpo perfeito entrelaçado elevava-o a uma condição divina, ao mesmo tempo que a fusão dos seus sentidos e sensações perpetuava a sua ligação eterna. Estava preso pelo mesmo encanto com que a deusa citeréia conquistara o deus da guerra e o pai de Eneias. Contudo, o seu toque marmóreo e frio, distante e sofredor, despertavam Pedro para a crueldade, até então imperceptível, do agudo toque do seu telemóvel, que se confundia com um grito suplicante e trémulo da Deusa. Ou seria de Catarina?
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